As 9 maneiras de saber se alguém está mentindo foram descritas pela
pós-doutora Susan Krauss Whitbourne, em um artigo publicado no
Psychology Today. O que você lerá abaixo não é uma tradução literal do
texto.
1) Deixa de fora detalhes sensoriais
Detalhes sensoriais são detalhes que
utilizam os cinco sentidos: o que podemos ver, ouvir, tocar, degustar ou
cheirar. Ao contar uma mentira, os pequenos detalhes que normalmente
são utilizados para florear uma história verdadeira são descartados.
Isto porque, depois, se houver a necessidade de contar a história de
novo, vai ser difícil se lembrar deles.
Assim, uma pessoa contando uma história
verdadeira pode vir a mencionar as cores de uma roupa, uma música que
estava tocando ou como estava a comida, em casa ou em um restaurante,
etc. Enfim, a mentira tende a ser omissa nos pequenos detalhes.
2) Desculpa da memória ruim
Quando contamos a verdade, é provável
que não tenhamos nenhum tipo de problema de lembrar o que acontecer. Por
outro lado, quando uma mentira é criada, a memória pode ser utilizada
como uma desculpa, como uma justificativa para não só esconder os
detalhes – como na maneira anterior – como também tendo o intuito de
acabar logo com o momento desagradável e angustiante de dar um falso
testemunho.
Em resumo, a pessoa que está mentindo
pode fazer frequentes alusões a “eu não me lembro”, “eu esqueci (disso
ou daquilo)” ou “eu tenho uma memória fraca”.
3) Faz correções espontâneas
É frequente que a pessoa que esteja
contando uma mentira fique corrigindo o que está contando, de forma
espontânea, ou seja, sem pressão externa. Em muitos casos, ouvimos a
pessoa se corrigir: “era uma segunda, não era terça, talvez uma quarta”
ou “o nome dele era José, não sei, talvez João ou Jonas”…
A ideia aqui é que as correções são
tentativas de esconder as possíveis falhas na mentira e, por outro lado,
também poderiam esconder o nervosismo, se não fosse o fato de que na
maioria das vezes acaba apenas delatando que a pessoa está nervosa.
4) Mantém tudo curto e grosso
Quanto mais longa, completa e detalhada
for uma história, mais trabalhoso será memorizar. Por isso a mentira
tende a manter as coisas “curtas e grossas”, quer dizer, tende a reduzir
ao mínimo de informações necessárias. Com isso, também se vê que quanto
maior a narrativa, quanto maior o conteúdo do que for contado, maior é a
tendência de ser uma verdade porque se é verdade é fácil trazer a
lembrança à tona, enquanto que é bem mais complicado inventar uma
história inteira, com todos os detalhes e cenários, e depois ainda
conseguir se lembrar exatamente do que foi contado.
5) A mentira não faz sentido e é cheia de contradições
Uma das formas para descobrirmos se a
pessoa está falando uma verdade ou uma mentira é a coerência total de
seu discurso. Se ela fala uma coisa no começo, outra no meio e outra
ainda diferente no fim, é provável que algum ponto seja inverdade.
Na área de Recursos Humanos, podemos ver
claramente quando um candidato está mentindo sobre um aspecto porque o
processo seletivo é, em geral, longo. Então, se em uma entrevista, o
candidato se comporta como uma pessoa com um tipo de personalidade, em
um teste age de outro jeito e, por fim, em uma dinâmica de grupo, de
outra forma ainda, é quase certo que em algum destes pontos de avaliação
tenha havido uma mentira.
Podemos ver o mesmo quando um psicólogo
criminal analisa os testemunhos de um crime. A coerência é um sinal para
a verdade e a incoerência um sinal da mentira.
6) A mentira tem que ser pensada
Como a mentira tem que ser construída, a
pessoa que está mentindo frequentemente mostra-se como se estivesse
pensando muito, como se estivesse fazendo um grande esforço para se
lembrar do que aconteceu, enquanto está é tentando criar a mentira. É
claro que esta é mais uma pista que pode indicar se é uma mentira ou
não. O esforço para lembrar, para pensar, é, portanto, mais um indicio
de que pode se tratar de uma mentira.
7) Há nervosismos, tensão e inquietação
Como a mentira é uma contradição interna
(no sentido de que a pessoa sabe a verdade e mantém assim dois
pensamentos contraditórios), ela também causa certos efeitos
fisiológicos. Os mais comuns são o nervosismo, a tensão e a inquietação.
A contradição interna leva a pessoa a se mostrar inquieta e,
igualmente, a falta de coerência – outra forma de entender a contradição
– faz com que certos comportamentos observáveis apareçam.
Afinal, ao contar uma verdade, não precisamos ficar tensos, inquietos e nervosos, não é mesmo?
8) Há pouca reclamação e poucos comentários negativos
Esta maneira de descobrir se é verdade
ou não pode ser difícil de concordar, a princípio. Mas é fácil de ver
que uma pessoa que quer passar uma mentira como verdade não vai querer
causar uma impressão negativa. Por isso, há pouca reclamação e pouco ou
nenhum comentário negativo. O intuito é, então, causar uma boa impressão
para que a mentira não seja descoberta.
9) A fala é mais lenta que o normal
Quando uma pessoa está contando uma
mentira, como ela tem que lidar com a contradição interna, com a falta
de coerência, como tem que criar um novo cenário para a sua história e,
ao mesmo tempo lembrar de detalhes que acabou de inventar, é natural que
a fala desacelere e fique mais lenta que o normal. Também esta última
maneira talvez não seja óbvia, pois estamos acostumados a associar que a
mentira é contada rapidamente. Entretanto, este é o caso quando a
mentira é ensaiada (por exemplo, um vendedor que conta mil vezes a
mentira sobre a qualidade de um produto), mas no dia-a-dia, para uma
mentira não ensaiada, a fala tende a diminuir de velocidade.
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