Erik Qualman (foto: Jean Schwarz), guru das estatísticas de web, está em Porto Alegre para participar do Fórum de Internet Corporativa nesta terça-feira na PUC-RS.

Apesar de Facebook e Orkut já demonstrarem preocupação com as  separações entre vida pessoal e profissional, as redes sociais ainda são  responsáveis por criar perspectivas unidimensionais de cada um de nós:  não importa se estava em uma festa só de amigos, seu chefe não vai  gostar de saber que você bebeu até cair na madrugada anterior a uma  reunião importante.
Ter bom senso é a recomendação mais importante.
Lembre-se sempre que seus perfis podem ser vistos por todos, desde sua namorada até seus concorrentes.
Para não queimar o filme, o melhor é resistir ao impulso: pare e  pense nas consequências que um simples tweet pode desencadear. Neste  ano, já vimos alguns casos que acabaram até em demissão.
Não se trata de aniquilar a espontaneidade, mas de não confundi-la com exibicionismo.
Vale também tomar alguns cuidados pessoais: revelar que comprou um  carro novo, onde estudam seus filhos e que está saindo de férias (e  deixando a casa vazia) pode servir de alerta para sujeitos mal  intencionados.
Como diz Erik Qualman na entrevista abaixo: “Você é o que você escreve, e isso pode ter consequências sobre o seu  trabalho”.
Como você enxerga o uso das redes sociais pelas empresas no Brasil?
Eu  acredito que o uso é muito parecido em todo o mundo, e o impacto  das estratégias  também é muito parecido. Um bom exemplo é o da Nike na  Copa do Mundo desse ano.  O patrocinador oficial do evento era a Adidas,  mas eles conseguiram milhões  de acessos no Youtube com um vídeo que  mostrava o futebol pelo mundo. E como não  usava palavras, pode ser  visto pelo mundo inteiro.
Como usar as  mídias sociais para obter benefícios para a empresa?
O bom uso das redes  passa por quatro pontos estratégicos: ouvir,  interagir, reagir e só então  vender. O grande erro das empresas é  pensar só na venda, e esquecer que essa  ferramente serve para interagir  com o consumidor. Boas empresas abraçaram as  mídias sociais porque  percebem nelas uma forma de melhorar o produto e o alcance  da marca.
Os consumidores transformaram o Twitter em um novo SAC, e  usam  a ferramenta para fazer reclamações. Como as companhias podem  lidar com esse  problema?
Acho que não existe um problema. As empresas comprometidas com seus   produtos sabem trabalhar com feedback, seja ele bom ou ruim. E usam isso  para  aperfeiçoar o produto oferecido. Então, é preciso responder ao  clientes, e ao  mesmo tempo buscar um meio para aperfeiçoar o produto. É  melhor que um amigo te  diga que você está com uma alface no dente do  que o teu concorrente, não? E se a  marca é respeitada, quando alguém  reclama, os próprios seguidores respondem à  reclamação.
Para as empresas que ainda não usam essas ferramentas, qual é  o melhor caminho para começar?
É impossível não ter a marca nas redes  sociais, porque elas estarão lá  mesmo que você não a coloque. Então, é preciso  se apropriar da marca e  construir um canal de comunicação com o público. Para  isso, é  necessário iniciar uma pesquisa de tudo o que está sendo dito e onde   está esse conteúdo sobre você na Internet. Depois desse mapeamento, é  possível  começar um diálogo com as pessoas, e a partir dessa  comunicação, criar o próprio  canal. É impossível não errar fazendo  isso, mas é preciso testar (e ouvir a  resposta do público), mudar,  testar novamente, até encontrar o melhor  caminho.
Muitas empresas usam promoções e sorteios para atrair seguidores  no Twitter. O que você acha disso?
É uma estratégia válida, mas apenas para  um efeito numérico. Esses  seguidores não estão comprometidos com a marca, estão  apenas em busca  do dinheiro, do prêmio. E se decidirem deixar as mídias sociais,  essas  pessoas não falarão mais de você. Uma marca sólida, com um produto   diferenciado, com a Apple, por exemplo, não precisa dar presentes para  ter  seguidores.
Qual é o tipo de informação que as companhias devem oferecer  nas redes sociais?
É preciso aprender. As mídias possuem ferramentas para  saber sobre o  que as pessoas se interessam. Por meio de retuites, e o que elas   comentaram, dá pra saber sobre o que elas se interessam? Do que eu  escrevo no  Twitter, descobri que as pessoas se interessam e repassam  aos outros informações  sobre estatísticas do microblog. Então, passei a  escrever mais sobre isso e a  aprofundar coisas que eles destacaram dos  posts no blog, por exemplo.
O  principal é ter foco. Escrever sobre muitas coisas significa que você não é bom  em nenhuma delas.
Já são conhecidos pelo mundo vários casos de  profissionais  que foram prejudicados por suas opiniões expressas nas redes  sociais.  Até que ponto uma empresa pode interferir no que o funcionário  escreve?
Hoje já não existe mais a fronteira entre pessoal e profissional.   Antigamente, você era uma pessoa de segunda a sexta-feira, no horário de   trabalho, e o que você fazia nos finais de semana não interferia em  sua vida  profissional. É impossível pensar nessa distinção atualmente.  Você é o que você escreve, e isso pode ter consequências sobre o seu   trabalho. A Dell chegou a formar uma equipe para fornecer o treinamento  para o  uso correto das mídias sociais, mas percebeu que isso não dava  certo. Era  preciso treinar todos os funcionários para que eles usassem  de forma adequada  essa ferramenta.
FONTE: conexaozh 
 

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